Até que o Estupro Nos Separe: a violência sexual por parceiro íntimo - #minhahistoriadeviolencia
Créditos da imagem: Emily Teng
Por muito tempo, eu pensei que estupro era aquela situação onde você luta para escapar, grita que não quer, acaba apanhando porque o agressor precisa te render. Uma luta que perdemos na base da força. Demorei muito para entender que o estupro vai muito além disso.
Quando estava no final do meu casamento, estava uma fase muito ruim, onde brigávamos muito, muito mesmo. Sempre brigamos muito, desde que éramos namorados há quase dez anos atrás, mas quase sempre resolvíamos as coisas na cama, pois nós dois gostávamos muito de sexo. Mas com a relação absolutamente desgastada, e por outros "N" motivos, nem o sexo estava resolvendo e eu fui perdendo a libido, o tesão, e a quantidade de sexo ficou muito baixa. Além disso, quando transava, normalmente eu não conseguia chegar lá e o momento só me causava frustração.
Certo dia, depois de uma briga, estávamos emburrados, no sofá, vendo televisão e, sem nenhum motivo prévio, meu ex-marido me puxou para baixo dele e tentou transar comigo. Fiquei furiosa por ele achar que eu queria transar, mas quando ele simplesmente tirou a minha calcinha do caminho, sem me dar um beijo que fosse, sem perguntar se eu queria, sem nem mesmo me dirigir a palavra, eu simplesmente travei. Fiquei lembrando de outros assédios que sofri e comecei a chorar. Se ele notou ou não, não fez diferença. Quando ele terminou, se levantou e foi para o quarto tomar banho.
Foi um dos piores momentos da minha vida, porque, querendo ou não, ele era o pai da minha filha, eu morava com ele. O medo de passar por aquilo de novo quase me fez pirar. Sinceramente, não sei como não acabei me matando naqueles dias...
* Relato enviado via e-mail como parte da campanha #minhahistoriadeviolencia lançada pelo Instituto Mana em fevereiro/18. A identidade da mulher que sofreu a violência foi preservada em respeito a escolha dela.
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