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"Toda vez que eu ia lá transávamos, mas ontem eu não queria nada"* - #MinhaHistoriadeViole

mulher no canto com medo da violência

* História enviada por email para oinstitutomana@gmail.com. A identidade da mana que nos enviou o relato foi omitida.

 

AVISO DE GATILHO: VIOLÊNCIA SEXUAL - ESTUPRO


Um caso daqueles que você sabe que a pessoa não vale nada mas continua ali.


Ontem ele me mandou mensagem falando que estava mal porque sabia que eu, com meu bondoso coração, não ia negar um ombro amigo. Mas fui decidida a não ficar com ele por que já havia prometido a mim mesma que não ficaria.


Toda vez que eu ia lá transávamos e eu não posso negar, era bom, mas ontem eu não queria nada, só fui para ver como ele estava. Eu estava de calça jeans e uma blusa de manga. Cheguei lá e deitei ele no meu colo e fiquei fazendo carinho, então ele me deitou e me beijou. Até aí tudo bem, um beijo normal, mas logo ele começou a tentar tirar minha blusa e eu disse que não. Então começou ficar algo insuportável, ele tentando tirar minha roupa a qualquer custo, eu tentava brincar para tentar normalizar tudo - afinal não era um desconhecido e sim alguém que eu sempre me relacionava - mas não adiantou, ele continuou forçando a barra e eu nem sei onde foi parar todas as minhas forças.


Ele tirou a minha roupa. Me lembro que ele me deitou e eu fiquei olhando para o teto com os olhos cheios de lágrimas. Eu não tinha força, me sentia imóvel, um completo lixo, como se eu não fosse nada. Ele me penetrou e então eu comecei a chorar, falei que estava me machucando. Ele me olhou e disse "então vem por cima", parecia não estar se dando conta que ele praticamente estava me estuprando. Lembro que, chorando, vesti minha roupa e ele me puxou, ainda nua, para cama e me pediu desculpa por ter me machucado. Ele não se dava conta que eu estava chorando não por conta da dor da penetração mas sim por conta do lixo que eu estava me sentindo.


Eu totalmente fora de mim, com mil coisas passando pela cabeça, me deitei na cama e ele me abraçou por trás, parecia arrependido por ter me machucado fisicamente, mas para mim é claro que não era isso. Estava tão louca que ainda tentei compreender e seguir em frente e mais uma vez, mesmo eu estando mal, ele tentou penetrar em mim e dessa vez ele foi com tanta força e gozou em mim e mais uma vez eu fui estuprada. Com consentimento ou sem? Até agora não sei, pois permaneço no chão e chorando.


Levantei da cama e fui para o banheiro. Não podia nem olhar na cara dele. A água escorria pelo meu corpo e minhas lágrimas caiam. Não consigo dizer o tamanho da minha dor do quanto tudo doía em mim. Saí do banho e me recuperei. Agi normalmente, me vesti e vim para casa.


Hoje acordei e fui resolver as coisas e até agora estou me sentindo um completo lixo. Por que eu não reagi? Por que não bati, gritei e apenas chorei, por quê? E por que todos os dias isso acontece com milhares de mulheres e nenhuma delas reage assim como eu não reagi?


Juro a mim mesma que essa foi a primeira e última vez que alguém invadiu o meu corpo .


 

Publique o seu relato nas suas redes sociais com a hashtag #minhahistoriadeviolencia ou compartilhe a sua história conosco enviando seu relato para o email oinstitutomana@gmail.com, informando se quer ter sua identidade mantida em sigilo ou não.

 
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